sábado, 23 de junho de 2012

A Naifa com Paulo Bragança


Foi ontem, no Castelo de S. Jorge, que assistimos ao concerto d'A Naifa, trazendo consigo Paulo Bragança. As condições climatéricas e acústicas prejudicaram a qualidade do espectáculo, mas nada que estes grandes artistas não conseguissem superar. Depois de uma sequência introdutória da banda, Paulo Bragança entra sem aviso ao som de Antena, cantada com Mitó, ó minha benévola terra, se eu te pudesse beber, é assim que se apresenta, regressando do exílio, este cantar absolutamente ímpar. Fez-se acompanhar de um guitarrista que se mostrou bastante competente.


O espectáculo desenrolou-se com uma série de momentos memoráveis, com a A Naifa a apresentar-se irrepreensivelmente. Paulo Bragança mostrou que continua a ser um grande fadista e aguardamos com ânsia o seu próximo álbum, previsto para a rentrée. 



 (Fotografias de Vânia Marecos em http://wordsplusphotos.blogspot.pt/)

Muito obrigado à Naifa e ao Paulo Bragança. Fica a nota também para o concerto, dia 20 de Abril, que foi, sem qualquer dúvida, dos melhores concertos que se podem ter visto. Encontramo-nos no Avante.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

FESTA DA CASA DA CERCA 2012

Foi sábado, dia 16, e nós lá fomos. Começamos logo de manhã com a primeira das actividades propostas ao público, o yoga. No jardim e com o som dos passarinhos pudemos usufruir gratuitamente de um começar de dia maravilhoso em que aprendemos de uma vez por todas que o yoga não é, de forma alguma, para dormir. Tudo se proporcionou num contexto informal, o que nos deu um à-vontade enorme e nos deixou motivados para o resto do dia. Um ponto negativo foi o descobrir que as massagens de 15 minutos tinham o preço de 5€, o que nos pareceu ridículo. Teria sido mais interessante algo como um workshop, mais participativo e didáctico. 

(Comes e bebes na Casa da Cerca)

Voltámos à tarde e os seres humanos de palmo e meio dominavam a Casa da Cerca e as actividades continuavam. Desde análises ao trabalho de Leonardo da Vinci às provas de vinho, leituras, comes e bebes e brincadeiras afins. Às 18 horas optámos por ir ao Jardim do Rio, com acesso gratuito pelo elevador panorâmico, onde assistimos a um concerto participante da programação Almada Velha em Festa (http://tinyurl.com/3ud7eud) que se trata de um conjunto de espectáculos de música e teatro, assim como actividades variadas  que, pelo indicado, são de acesso gratuito. O concerto proposto foi de uma banda chamada Fazz, que junta o Fado com o Jazz. Na prática trata-se de uma fadista a cantar fados acompanhada por uma banda de jazz. A interpretação foi competente quanto ao esperado, uma banda que tocasse umas músicas de fundo agradáveis enquanto nos sentamos na relva a ver o rio. 



(Jardim da Casa da Cerca à tarde)

Voltamos à Casa da Cerca perto das 20:30 para assistirmos ao happening que prometia surpreender-nos aquando do pôr-do-sol. Pudemos antes ainda ver o final do concerto da Caravana (myspace da banda) que misturando músicas tradicionais do mundo, muito animadas e muito dançáveis, se mostraram muito mais interessantes do que o concerto a que assistimos junto ao rio, pelo que concluímos que a melhor opção teria sido permanecer na Casa da Cerca todo o dia, confiando no programa. Acabando o concerto esperamos pela surpresa, que tardava em chegar, mas não tardou muito. Acontece uma flash mob, e além dos participantes ensaiados juntaram-se logo alguns espontâneos que decidiram fazer parte, e decidiram bem. As coreografias desenrolavam-se em vários espaços ao longo do jardim, correndo a mob de sítio para sítio, e nós, público, também. Tenho a dar os meus mais sinceros parabéns, pois foi tudo muito bem pensado e executado e foi o final perfeito para um dia excepcional. Assistam abaixo a um vídeo da flash mob, pode não ser o melhor possível mas é um bom registo. 

(Vídeo de joannemixtape)

E assim, enquanto o sol acabava de se pôr, começa o set do DJ Oaktree (das 22h às 02h), que também está de parabéns pelas escolhas invulgares e pela coesão do som que apresentou. No entanto não apoio a decisão de prolongar a festa até tão tarde. Todo o ambiente puramente amigável e familiar que se viveu na Casa da Cerca inverteu-se completamente, pois o sítio ficou repleto de jovens munidos de garrafas de vidro e muitas coisas fumáveis, e o pior de tudo, munidos de más intenções. Para quem lá esteve desde manhã foi algo desmotivador ver que à meia noite não se viam já as pessoas sorridentes e bem dispostas, tendo toda a a gente desertado à conta do ambiente altamente desconfortável que se apossou do sítio. Talvez devesse aí ter acabado a festa, à meia noite, e talvez tivesse sido melhor para todos. Ou, talvez, se tivesse solucionado a questão ao resumir a festa ao jardim de baixo, fechando o jardim botânico. Ou, talvez, com mais de dois seguranças para tanta gente. 

De qualquer forma, estão todos de parabéns pela iniciativa que de foi muitíssimo agradável e já deixa saudades. Obrigado. 


terça-feira, 12 de junho de 2012

12º Festival Nacional de Folclore de Almada



Com o palco montado no jardim do Complexo Municipal dos Desportos, no Feijó, começou às 21 certas mas como ainda estava a dar o jogo (Portugal x Alemanha) não estava lá ninguém para assistir. Acabando o jogo foram-se reunindo as pessoas em frente ao palco e pode assistir-se ao espectáculo. Contaram-se com as apresentações dos seguintes grupos: Rancho Folclórico de Vale Flores (Feijó), Rancho Folclórico Mensageiros da Alegria Vila Nova do Ceira (Góis), Rancho Folclórico de Pousaflores (Ansião), Grupo Folclórico Danças e Cantares Verde Minho (Lisboa) e o Grupo Cultural Danças e Cantares São Miguel (Alcainça). 

Continua incrível a forma como estes grupos amadores conservam um rigor imenso no que toca a mostrar as danças e canções antigas. Desnecessário são os discursos prolongados de choro por já ninguém querer saber daquilo. Se não apresentassem as coisas como antigas e velhas e se houvesse espaço para potenciais grupos que gostassem de dançar o bailinho da Madeira com electrónica à mistura, vestindo roupas fosforescentes enquanto bradassem cânticos pagãos, talvez não estivessem só 50 pessoas a assistir e talvez a terceira idade não fizesse 90% da plateia.   


Fica a esperança de que quando este ilustre público se envelhecer demasiado para sustentar a tradição e o mais-do-mesmo os interessados na conservação destas actividades percebam que conservar não implica manter estagnado, ainda mais quando se trata de tradições populares que, tal como o povo, têm de evoluir. Aponte-se também que o espectáculo terminou já passava da meia-noite e meia, e estava a chover.

Sugiro a visita à programação das Festas Populares no concelho de Almada (http://tiny.cc/snisfw) e à programação das actividades em Almada Velha (http://tiny.cc/wmisfw).


sábado, 9 de junho de 2012

A Lição


Ontem fomos assistir a uma peça de Teatro, que para além da motivação cultural nos apresenta nas actrizes uma querida amiga do Peixe Lua, e sendo ela por si própria metade do elenco o entusiasmo e curiosidade eram inevitáveis. Tratava-se de A Lição (1951) de Eugéne Ionesco, um dos maiores autores do Teatro do Absurdo.

Mesmo com um aglomerar de atrasos e uma sucessão de enganos corroborados por um GPS amaldiçoado, ou não estivéssemos nós a caminho do Teatro, conseguimos lá chegar. Externato Marista de Lisboa, ninguém ao portão, ninguém à porta e lá seguimos para dentro do edifício, encontramos a nossa amiga, ela dirige-nos ao local, o local está na escuridão, subimos as escadas, a porta dá para a boca de cena, descemos as escadas, aparece um senhor, acende a luz (que estava apagada com um propósito), diz-nos que batamos à porta "truz truz", segue à nossa frente e lá entramos na sala para desconforto da actriz em cena e de todo o público, e do encenador... Depois de duas apresentações de duas actrizes mais novas e inexperientes, com textos que não fomos capaz de identificar (ou fomos? Joana?), seguimos ao Ionesco.

Foi todo um espectáculo de uma qualidade incrível, perante as limitações técnicas. O guarda-roupa estava muitíssimo adequado às personagens e os adereços com o seu simbolismo, ou falta dele, ligaram perfeitamente com o texto. As actrizes, Carolina Vargas interpretando a aluna, e Inês Chora interpretando a professora, não foram de forma alguma extraordinárias, mas estiveram muito bem. É admirável a dramaturgia, a fluidez do texto e a cumplicidade entre as actrizes, pecando ambas no que toca ao rigor técnico da representação, mas isso é o que menos importa porque só importa para quem acha que percebe muito de teatro e o teatro é para toda a gente, mesmo para os que não percebem nada. Estão ambas de parabéns pelo bom trabalho. Obrigado pelo convite.


Memorável foi também o cocktail que se seguiu à apresentação da peça, com um convívio muito agradável 

Incrível Gaiteiro 


Quarta-feira, véspera de feriado, pude assistir a parte do espectáculo Incrível Gaiteiro, promovido pela Associação Gaita-de-Foles (http://www.gaitadefoles.pt/), no espaço Cine Incrível (http://www.facebook.com/cineincrivel), em Almada Velha. Como qualquer bom evento do género este não tinha, ou parecia não ter, uma programação definida e as participações dos intervenientes geriam-se mais pelo feeling do que sob qualquer outra orientação. O tamanho da sala permitiu que víssemos e ouvíssemos as gaitas e tambores indoors sem que saíssemos de lá a sangrar dos ouvidos, e penso que esse foi o ponto chave para todo aquele ambiente de bem-estar extraordinário que se viveu nesta noite. A ausência de microfones dificultou a audição das canções, e mesmo de alguns instrumentos, mas penso que se de uma próxima levarem as músicas treinadas podem perfeitamente cantar sem microfones, que estes tendem sempre a distorcer o espírito das canções populares. O mais desagradável entre tudo foi o desrespeito do público, com imensa gente sempre a falar e a falar muito alto. Mesmo ouvindo bem os instrumentos, que pela sua natureza produzem um som muito expansivo, não é agradável estar a ouvir vozes descoordenadas no fundo, e também não entendo quem queira estar a conversar enquanto se ouve uma música tão intensa. Não fiquei até ao fim pela impossibilidade de fazer com que falassem, ou gritassem, mais baixo e talvez este fosse o papel de alguém responsável pelo espectáculo, mas espero que corra tudo melhor numa próxima. De forma geral, os meus parabéns a todos os intervenientes. 



Foto de Maria João Tomás

Sugiro a visita ao facebook da Associação Gaita-de-Foles (http://www.facebook.com/associacaogaitadefoles) onde poderão ver fotos, vídeos e certamente as datas das próximas actuações, onde espero estar presente. 

Clube do Peixe Lua


Peixe Lua ao vosso dispor. O blog destina-se à partilha de opinião sobre espectáculos, música, livros e afins.

O Clube do Peixe Lua é um colectivo formado por vários humanos sem nenhuma lista definida ou definitiva porque, tal como no oceano, nunca se pode saber ao certo quais e quantos estão dentro, ou fora.